
Discordando de Jobim
Eita, eita que vida boa,
Vida boa pra quem sabe ler seus truques,
Respirar seus ares, colher seus frutos,
Tocar na terra, botar o pé na água,
E o vento nos cabelos...
Namorar com a natureza ja é o bom demais,
Mas uma homenagem triangular é ainda melhor.
Tudo é felicidade nessa vida
Para quem só tem paz e amor pra ofertar.
Correr pelas artérias empoeiradas do chão,
Nadar em cuia de lágrimas das nuvens.
Tão azuis quanto aqueles olhos...
De quem eram os olhos mesmo?
No final a gente só se lembra das lagoas...
Os donos e donas dos olhos sempre ficam num cantinho,
Atrás da Porta, no breu escondido e prolixo,
No recôndito reescondido de nossa memória.
Tantas flores pelo caminho!
E eu só arranquei aquela de onde brotava um seio nú.
Tantos passarinhos pra se cantar junto!
Canários e Sabiás são meus vizinhos e visitas.
Coral lindo de assovios interpostados.
Aprender a ser feliz sozinho,
É discordar de Tom Jobim,
Isso nunca pode ser bom...
Eu, alguém, nós dois, seria muito bom.
Mas é melhor ser feliz sozinho,
Do que ser triste e concordar com o mestre.
Sendo só, somente triste,
Dançando só, e se julgando amado ao som de um mp3.