sábado, 20 de fevereiro de 2010
A Única Certeza
A Única Certeza
Abrace-me com a força necessária,
Para multiplicar as horas,
E encurtar as distâncias.
Beije-me com o desejo voraz,
De fazer no céu surgir uma estrela,
E que teu cheiro fique impregnado,
Em todas as flores do mundo.
Olhe-me com a beleza,
Para eu encontrar teu rosto em cada esquina,
E o meu coração então bater mais rápido.
No ritmo que nós dançávamos ainda.
Toque-me com a impureza,
De um machado que o sândalo corta.
Tal qual a tua alma dilacera a minha,
Enquanto o meu corpo dilacera o teu em troca.
Ame-me como sou, e como não fui,
Me ame com a profundeza do abismo que nos divide,
Com a intensidade de toda uma vida não vivida.
De um sonho que se perdeu,
De um coração que era meu,
E se desencontrou no encantamento de uma outra vida.
Chore em meu corpo,
Para diluir em lágrimas,
A tristeza dos séculos.
Imobilize-me com serenidade,
Não permitindo assim que eu escreva,
Contando a nossa história,
Esfriada e enfraquecida pelo tempo,
E por esta tinta preta.
Espera-me com paciência,
Pois além dos sonhos e da memória,
Ainda existe um lugar onde
Os nossos sentimentos caibam,
Apesar de serem grandes.
Adore-me com louvor,
Pois assim o farei tambem,
Para que a nossa religião seja,
Não mais que um canto, uma ode ao amor.
Liberte-me com graça,
Pois a intensidade dos nossos instantes,
Abalaram e marcaram toda a incerteza da eternidade.
Obedeça-me absolutamente,
Porque a única certeza que levo dessa vida,
É que eu te amo infinita,
E avassaladoramente.
Análise: O maior poema que ja escrevi, me desapeguei das rimas, pois os sentimentos que tive na epifania da madrugada de hoje, foram grandes demais para a rima e a métrica suportarem sem matar o lirismo que almejei, e aparentemente, consegui. Digam-me se consegui vocês.
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