A Flanela
Ando pelas calçadas,
E os vultos passeiam na amplidão,
O que diferencia o trabalhador do outro,
É a flanela laranja na mão.
Lacunas de luz nos olhos,
Opacos e sem vida,
Enxergam do mesmo tanto,
Partilham a mesma ferida.
Sarjetas que se encontram,
Caminhada só de ida,
Rumo aos que prantam,
Junto ao corpo na avenida.
Nós andamos com medo,
A falta de postes nos enerva,
A dor chega muito cedo,
E a fraqueza abraça as trevas.
A chuva mesmeriza o poste,
Enquanto o pano, irritante, desliza,
No ar, bailando com a morte,
No compasso de suas brisas.
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