Tu eras luz e precipício,
Minha tinta e voz de todo grito,
Hoje é dor, morte e o infinito,
Teu olhar agora é a faca que ponteio.
O tempo só amola,
Afiada, como a memória,
Me cortou, inglória,
De quem ignorava quem primeiro.
Os fogos na praia coloriam o breu,
Teu olhar, difuso, ofuscava o meu.
Eu me esquecia de me ser,
Apenas te era.
Eu era breu.
Eu sequei, meu sangue coagulou,
Encrusta minhas pálpebras rasas,
Escalona a agonia, maresia, ferro,
Em tudo que falta vai sangue no lugar,
A lágrima, púrpura, escorre,
Fico feliz se meu sangue escorre,
Enquanto o teu punhal enfeita.
Teus olhos, cândido algoz,
Terá a cor régia do que me vivia.
E teus olhos então serão,
Minha tumba e companhia.
Não pare de escrever, adoro suas criações!
ResponderExcluirÉs inteligente e sutil.