sábado, 3 de julho de 2010

Manequim das Vaidades





Manequim das Vaidades


Você não soube me amar, nem soube me aceitar, me joguei de corpo e alma, te revelei os segredos inconfessáveis, te confiei meu espírito, meus desejos, e tu me prometesse o céu, e eu te prometi a terra.
Você não me quis, somente, desprezou tudo, simplesmente, pois a verdade era grande demais pra você. Mas você vai pagar, e vai pagar com juros o amor que tu me prometesses e não cumpriu, pois é um pecado forte demais matar à sangue frio os sonhos que você mesmo plantou em outra pessoa.
Por isso eu te amaldiçôo. Eu te amaldiçôo, eu te amaldiçôo. Você vai sofrer tudo o que eu sofri, e pior. Você vai ter uma longa vida para se amargar sozinha. Completamente só.

Você vai ser o avesso de uma vitrine, vai ver a felicidade diante dos teus olhos, e ela te olhará bem de perto só para conferir o preço, e achar caro demais pra uma peça tão simples, e vai te jogar no poço escuro da solidão, manequim obsoleto das vaidades.
A felicidade vai passar tantas vezes diante dos teus olhos, em uma multidão multicolorida desbotada, que você irá se acostumar com a sua presença, e tuas correntes de mulher contida engessarão as tuas pernas, enquanto na tua mente fervilha em sangue a luxúria e a lascívia. E o vidro da minha maldição envidrará o teu caminho, materializando para sempre a parede invisível que te separará da felicidade.

E a única coisa que se ouvirá da tua boca costurada, será o grito de agonia abafado ecoando na eternidade das vitrines gélidas da vida.

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