quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ósmio


Meu espírito é como o Ósmio - Denso, denso... (22,4)
Metálico, prateado, frágil, belo.

Aguenta as altas temperaturas da vida. (3.033 °C)
No ar, na natureza, tende a se transformar em um veneno. (OsO4)

E por ser frágil e instável, só pode ser usado em ligas com outros metais. (O Irídio, por exemplo)
A solidão lhe é fatal.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Lágrimas de Sol


Lágrimas de Sol,
Deslize de luz,
Girassol dos desejos,
Solar.

Estrelas da manhã,
Tuas lágrimas nas minhas,
Rios incandescentes,
Nada mais que afluentes,
Mar de alvorecer.

Vertigem de fótons,
Queda de sonhos,
Faísca estancada,
Lume de sonhos.

Minha manhã na tua.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Hera


Hera

No muro deita a Hera,
Já era era era,
Tempo de você me olhar,
Da calçada, da varanda,
Daquele muro,
De qualquer lugar.

E a brisa que eu sinto no meu pescoço,
É teu ar me soprando coisas lindas,
E a tua voz, que eu ouço,
Como se fosse mil melodias,

Não precisa me falar nada,
O teu silêncio me deixa em paz,
O teu ar calado e cálido já me fala,
Tudo que o teu coração me traz.

Psiu, silêncio,
Já consigo escutar teu coração,
Batendo mais forte,
Tentando acompanhar o meu.

Já consigo ouvir a Hera crescendo,
Nas muralhas do meu coração,
Rasgando a fortaleza de pedra,
Pela raiz, na sombra, música, canção.

Deita em mim,
Deita em meu muro,
Me rasga, por dentro.
Como se fosse pedra.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Combinamos que não era amor. Escapou ali um abraço no meio do escuro. Mas aquilo ali foi sono, não sei o que foi aquilo. Foi a inércia do amor que está no ar mas não necessariamente dentro de nós.A gente foi ao cinema, coisa que namorados fazem. Mas amigos fazem também, não? Somos amigos. Escapou ali um beijo na orelha e uma mão que quis esquentar a outra. Mas a gente correu pra fazer piadinha sexual disso, como sempre.Aí teve aquela cena também. De quando eu fui te dar tchau só com a manta branca e o cabelo todo bagunçado. E você olhou do elevador e me perguntou: não to esquecendo nada? E eu quis gritar: tá, tá esquecendo de mim. E você depois perguntou: não tem nada meu aí? E eu quis gritar: tem, tem eu. Eu sempre fui sua. Eu já era sua antes mesmo de saber que você um dia não ia me querer.Mas a gente combinou que não era amor. Você abriu minha água com gás predileta e meu sabonete de manteiga de cacau. E fuçou todas as minhas gavetas enquanto eu tomava banho. E cheirou meu travesseiro pra saber se ainda tinha seu cheiro. Ou pra tentar lembrar meu cheiro e ver se ele ainda te deixa sem vontade de ir embora. Mas ainda assim, não somos íntimos. Nada disso. Só estamos aqui, reunidos nesse momento, porque temos duas coisas muito simples em comum: nada melhor pra fazer. Só isso. É o que está no contrato. E eu assino embaixo. Melhor assim. Muito melhor assim. Tô super bem com tudo isso. Nossa, nunca estive melhor. Mas não faz isso. Não me olha assim e diz que vai refazer o contrato. Não faz o mundo inteiro brilhar mais porque você é bobo. Não faz o mundo inteiro ficar pequeno só porque o seu chapéu é muito legal. Não deixa eu assim, deslizando pelas paredes do chuveiro de tanto rir porque seu cabelo fica ridículo molhado. Não faz a piada do vampiro só porque você achou que eu estava em dias estranhos. Não transforma assim o mundo em um lugar mais fácil e melhor de se viver. Não faz eu ser assim tão absurdamente feliz só porque eu tenho certeza absoluta que nenhum segundo ao seu lado é por acaso.Combinamos que não era amor e realmente não é. Mas esse algo que é, é realmente muito libertador. Porque quando você está aqui, ou até mesmo na sua ausência, o resto todo vira uma grande comédia. E aquele cara mais novo, e aquele outro mais velho, e aquele outro que escreve, e aquele outro que faz filme, e aquele outro divertido, e aquele outro da festa, e aquele outro amigo daquele outro. E todos aqueles outros viram formiguinhas de nariz vermelho. E eu tenho vontade de ligar pra todos eles e falar: putz, cara, e você acha mesmo que eu gostei de você? Coitado.Adoro como o mundo fica coitado, fica quase, fica de mentira, quando não é você. Porque esses coitados todos só serviram pra me lembrar o quão sagrado é não querer tomar banho depois. O quão sagrado é ser absurdamente feliz mesmo sabendo a dor que vem depois. O quão sagrado é ver pureza em tudo o que você faz, ainda que você faça tudo sendo um grande safado. O quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo.Não é amor não. É mais que isso, é mais que amor. Porque pra te amar mais, eu tenho que te amar menos. Porque pra morrer de amor por você, eu tive que não morrer. Porque pra ter você por perto um pouco, eu tive que não querer mais ter você por perto pra sempre.E eu soquei meu coração até ele diminuir. Só pra você nunca se assustar com o tamanho. E eu tive que me fantasiar de puta, só pra ter você aqui dentro sem medo. Medo de destruir mais uma vez esse amor tão santo, tão virgem. E eu vou continuar me fantasiando de não amor, só pra você poder me vestir e sair por aí com sua casca de não amor.E eu vou rir quando você me contar das suas meninas, e eu vou continuar dizendo “bonito carro, boa balada, boa idéia, bonita cor, bonito sapato”. E eu vou continuar sendo só daqui pra fora. Porque no nosso contrato, tomamos cuidado em escrever com letras maiúsculas: não existe ninguém aqui dentro.Mas quando, de vez em quando, o seu ninguém colocar ali, meio sem querer, a mão no meu joelho, só para me enganar que você é meu dono. Só para enganar o cara da mesa ao lado que você é meu dono. Eu vou deixar. Vai que um dia você acredita.

Tati Bernardi

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Será?

Me imagine. Eu sou um lago quase infinito de vida, poesia, cor e vontade. Como não encontro caminhos para fluir, fico represado, estancado, secando, sendo sempre drenado pela vida, e evaporado pela morte, aos poucos. Um dia eu me preocupei sobre o que seria de mim. Hoje, eu sei que ser nuvem as vezes é melhor do que ser lago. Além do mais, quero deixar pelo menos alguma coisa de mim na terra, lençol freático, irrigar a horta de alguém, whatever.

Um papo ai com Raissa Medeiros.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

"Ele é iluminado, a voz é o capricho da vida."

Maurício Timótheo

Nem meu, nem pra mim.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Metonímia do Desejo III


Metonímia do Desejo III

A mão que escreve,
Tem lábios que te beijam,
Tem voz que te canta,
Tem sangue que te pulsa,
Tem coração que te bate,
Tem olhos que te desejam,
Tem alma que te reconhece.

A mão que escreve não é só mão,
Tem vida que te vive,
Tem dor que te dói,
Tem miasma que te envenena.

A mão que escreve,
É a mesma mão que toca,
Abraça, acaricia,
Afasta o cabelo dos teus olhos.

(Verdes ou azuis?
Nunca sei...)

É a mão que te agrada,
É a mão que conta histórias,
É a mão que te cozinha,
E é feliz por te fazer feliz.

É a minha mão na tua,
Meus olhos nos teus,
Meu corpo no teu,
Minha alma na tua.

domingo, 4 de dezembro de 2011

A Única Certeza


(Flor de Sândalo)



A Única Certeza


Abrace-me com a força necessária,
Para multiplicar as horas,
E encurtar as distâncias.

Beije-me com o desejo voraz,
De fazer no céu surgir uma estrela,
E que teu cheiro fique impregnado,
Em todas as flores do mundo.

Olhe-me com a beleza,
Para eu encontrar teu rosto em cada esquina,
E o meu coração então bater mais rápido.
No ritmo que nós dançávamos ainda.

Toque-me com a impureza,
De um machado que o sândalo corta.
Tal qual a tua alma dilacera a minha,
Enquanto o meu corpo dilacera o teu em troca.

Ame-me como sou, e como não fui,
Me ame com a profundeza do abismo que nos divide,
Com a intensidade de toda uma vida não vivida.
De um sonho que se perdeu,
De um coração que era meu,
E se desencontrou no encantamento de uma outra vida.

Chore em meu corpo,
Para diluir em lágrimas,
A tristeza dos séculos.

Imobilize-me com serenidade,
Não permitindo assim que eu escreva,
Contando a nossa história,
Esfriada e enfraquecida pelo tempo,
E por esta tinta preta.

Espera-me com paciência,
Pois além dos sonhos e da memória,
Ainda existe um lugar onde
Os nossos sentimentos caibam,
Apesar de serem grandes.

Adore-me com louvor,
Pois assim o farei tambem,
Para que a nossa religião seja,
Não mais que um canto, uma ode ao amor.

Liberte-me com graça,
Pois a intensidade dos nossos instantes,
Abalaram e marcaram toda a incerteza da eternidade.

Obedeça-me absolutamente,
Porque a única certeza que levo dessa vida,
É que eu te amo infinita,
E avassaladoramente.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Eu só queria que você não me odiasse.
Eu queria que você sentisse o carinho que um dia eu senti.
Eu queria que você sentisse um pouco da música, do perfume, das cores novas que eu descobri quando te conheci.
Sensações essas que eu acessava só de lembrar você.

Eu queria te ter, mas isso é meio impossível.
Vamos dizer que foi incompatibilidade de gênios.

Por que será que você me prende tanto assim?
Por que será que só eu enxergo o azul no verde dos teus olhos?
Por que será que a lembrança volta, cada vez mais forte, cada vez mais tirando meu fôlego?

Cada brisa ainda é tua,
Cada nota de voz que se perde aos poucos no ar, ainda é tua,
Cada cheiro, cada cor, cada gosto...

Eu ainda sou teu.
E independente da minha vontade,
De alguma forma,
para sempre o serei.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Kcabyalp

Kcabyalp

Uc é atecun ed ohlarac,
Otiuqirp é ohlarab ed atrac,
Tnedirt mu rop iutitsorp em,
Sopip mu rop ocenac uem odnev.

Sazerupmi sad ahniar a uos,
Éteit e soriehnip, sianigram sad zirterem,
Odnerrocse esaídidnac,
Êhcim euq, aias-inim alep!

Oruo elav otiuqirp uem!
Odadutse res euq met!
Atneuga adnia omoc euq met,
Odabmorra res otnat ed sioped.

Uem é uc o!
resiuq ue meuq arp uod ue e,
etnerf an rassap ós é,
Meuq a rev mes lam o odnezaf.

Augá´d opoc mu é eteuqob,
Méugnin a agen es oãn,
Oripsus otief é atehnup,
Mev, arepse es sonem odnauq.

Siort a eganem,
Asenihc ahnitnerroc,
Anamuh-aiépotnec,
Açebac ed rod euq ia.

Ólas!
Ólas!
Airaugi euq sam, muh!

Acuhc a zaf,
Rabogirf on atob,
Acuvis é aciriris an,
Atup ed asioc é enoforcim,
Ratirg siam asicerp men euq.
Kcabyalp on odut Át.