quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cry Cry Cry Cry Cry Cry...
O Grilo
Dá tristeza
Da solidão
Dá noite.

Moon moon moon moon moon moon...
O Boi
Dá sono
Da noite
Da cara preta.

Bee bee bee bee bee bee...
Ser dois
Dói
Feito abelha
Morte
Confusão.

Tu tu tu tu tu tu...
Esnobe
Francês
O Outro
Fofoca
Superfície.

Get get get get get get...
Fausto
Mefistofeles
Ganância
Da alma
Da vaidade
Sina.

Good good good good good good...
Deus?
Beba
É bom
Viver
Não é preciso
Pode ser vinho
Do Porto.
Nada como a morte para curar a vida, como se uma mulher amasse um homem pelas suas virtudes.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O Nome da Pedra




O Nome da Pedra

Nosso adeus foi no silêncio,
Na conclusão de uma madrugada,
Saímos ambos atentos,
No silêncio do outro,
Mais nada.

Nós dançamos na chuva,
Que lavou os nossos corpos,
Escorreu pela nossa pele,
Éramos molhados e tortos.

Truque do desejo,
Meu nome tu nem lembras,
O teu eu não faço ideia,
Somos vultos apenas.

O mesmo nome a mesma música,
O que nos une é uma pedra,
Eu não ouço o meu grito,
No silêncio da Treva.

Eu saí pensando em ti,
Tu saiste pensando em quê?
Me despi da noite, da praia,
Da chuva, de você.

Oxitocina


Oxitocina


Leite que jorra,
Luz que se expôe,
Afeto que brota,
Vício que se impôe.

Raiz que é da flor,
Flor que é da raiz,
Desabrocha o amor,
Pétalas anis.

Seja semente de mim,
Ou fruto composto da tua face,
Sabor que guarda o fim,
Ou o começo, quem sabe?

A retroalimentação,
Positiva por natureza,
Carrega a dor da ilusão,
E enche a vida de beleza.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Sapo




O Sapo

Ele canta na madrugada,
Pede licença às curujas,
Uma ode à lama, às poças,
Ao mato, ao céu estrelado.

Ele come estrelas,
Um banquete luminoso
De vagalumes solares.

Ele bebe a lua,
Gládio prateado que corta a lagoa,
Lâmina agreste.

Ele foge do ferro em fogo,
Que atravessa sua traquéia,
Falso vagalume.

Ele foge da morte salgada,
Chuva marinha,
Que anuncia a dor e fim.

Ele foge do São João,
Mira dos fogos,
Crianças que erram o céu.

Ele tem veneno nas costas,
Pra facilitar o apunhalar da serpente,
Que com o seu silêncio se alimenta.

Ele canta no breu, na incongruência,
Bardo das veredas do Sertão,
Afunda na lama, na sua inocência.

Sua pele se alimenta de sombras,
Suas pálpebras de solidão,
Seus sonos de sonhos aéreos,
Trocando o lamaçal pela amplidão.