quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Sapo




O Sapo

Ele canta na madrugada,
Pede licença às curujas,
Uma ode à lama, às poças,
Ao mato, ao céu estrelado.

Ele come estrelas,
Um banquete luminoso
De vagalumes solares.

Ele bebe a lua,
Gládio prateado que corta a lagoa,
Lâmina agreste.

Ele foge do ferro em fogo,
Que atravessa sua traquéia,
Falso vagalume.

Ele foge da morte salgada,
Chuva marinha,
Que anuncia a dor e fim.

Ele foge do São João,
Mira dos fogos,
Crianças que erram o céu.

Ele tem veneno nas costas,
Pra facilitar o apunhalar da serpente,
Que com o seu silêncio se alimenta.

Ele canta no breu, na incongruência,
Bardo das veredas do Sertão,
Afunda na lama, na sua inocência.

Sua pele se alimenta de sombras,
Suas pálpebras de solidão,
Seus sonos de sonhos aéreos,
Trocando o lamaçal pela amplidão.

Um comentário:

  1. o clássico:

    o sapo não lava o pé
    não lava porque não quer
    ele mora lá na lagoa
    não lava o pé
    porque não quer
    MAS QUE CHULÉ!

    brincadeira.

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