segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Freios, buzinas, apito, fumaça, trilhos, motores, carvão, asas, destroços, fogo, asas nos trilhos, querosene e carvão, explosão. Dor.

Eu sofri uma batida de um trem com um avião.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Profecia


Profecia (Escute isso enquanto lê)

Vi países vermelhos,
Instalados no extremo Sul,
Retalhos de soberania,
Disputados numa geleira.

Vi o calor de outros mundos,
Dissipar gelos vários,
Vi terremotos titânicos,
Deslocarem continentes inteiros.

Vi rostos insulares,
Combatendo na Sibéria,
E cortinas incendiárias,
De fogo, sal e nada.

Vi mercados transparentes,
E praças congeladas,
torres de ouro e bronze,
Afundadas sob o azul das águas.

Vi tantas orquídeas anis,
Ao pé de tantas colinas,
Ladrilhos cerúleos, alvos,
De pés pequenos e calmos.

Vi pássaros de enxofre,
Borboletas radioativas,
Peixe de ferro e prata,
Plantações contaminadas.





Eu tive um sonho apocalíptico, de um futuro diferente. Foram sonhos em noites diferentes, mas sempre tratando da mesma coisa. Vi mercados com torres desmontadas de ouro e bronze, que refletiam o sol para aquecer cidades congeladas na Antártida. Vi ali pessoas com fenótipos mongóis. Vi uma garotinha loira de olhos azuis numa cidade chinesa, com colinas com flores azuis, e construções com madeiras vermelhas e dragões. Vi o fogo e a destruição, vi a morte, e vi continentes que não existiam.

Caatinga Vermelha


Caatinga Vermelha

Galopada no mato,
Couro encouraçado,
Corte e cicatriz,
Arame farpado de espinhos,
Vermelho sangue,
Caatinga branca.
Rosas.

Viver é pastorear,
É ser vaqueiro de seus sonhos,
Couraça de vontades,
Sangue de fracassos,
Espinho é espinho,
Vem antes das pétalas.

E tudo é meio morto,
Água é exceção,
E quando vem afoga,
E o boi bebe lama,
Bebe até se beber enterrado.

E é pedra, areia e poeira,
Redemoinho imaginação,
A madeira vira cruz,
E o doce se destila,
Inchando, enebriando, matando.
Aos poucos, feito a vida.
A única coisa que vive mesmo é o espinho,
Do alvo ao escarlate,
Roubando o sangue na disparada do vaqueiro.

Water Mirror Glass



Water Mirror Glass

Reflex that shows time,
The tomorrow, and ago,
Galadriel´s eyes see,
With no strings though.

Shrouded by mists she walks,
With life force in her eyes,
As she glances a willow tree,
It becomes bloom, in flowers.

She sees what her heart wants,
The desire blazes at her sight,
The white silk moves,
As the golden thread brights.

The light dances in the water glass,
Piercing through time and space,
She love with such grace,
Above, beneath, as fire.

Namärie, Lörien,
Gold and Silver Trees,
Sweet and dying song,
That perish every ear.

White boats, "East Sea",
A quest through life,
As immortal souls fear not to be,
To become grass, wind, fire.

Water that flows through everything,
Working for the Elves´Queen´s eye,
The Sire of the one crystal ring,
No more than love desire.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Florence & The Machine

Voltando a escrever ^^. Talvez por ter quem leia agora, rs. Sempre fui assim, só falava se alguém realmente me escutasse, nem que fossem as paredes. Elas às vezes escutam melhor do que pessoas, e ainda emitem uma opinião em consoante com o que escutaram, seja em forma de eco ou acústica.

Enfim. Eu nunca gostei muito do formato "Banda". Sempre preferi intérpretes. Por isso minha ligação maternal com a MPB. Gal, Bethânia, Chico. Infinitos outros. Mas meu amor à língua bárbara inglesa, graças às suas doces invasões, me levou a amar outras músicas, outros poemas, outras histórias.

Porque eu não gosto de bandas... Porq as bandas em si, a história da música se divide, não pertence exclusivamente ao cantor. Eu sei que pode parecer ridículo, mas acho fake. O cantor não tem liberdade de definir seu repertório. A banda o escolhe. Há backvocals consistentes, vozes próprias, mas não como dueto, e sim como grupo. Um dueto pode ser uma conversa, um desafio. Um grupo que canta, e performa algo, parece um bando de amiguinhos cantando musiquinhas felizes ou pseudo-existenciais. Não me apetece. Me soa falso.

Sei que é tudo ou quase tudo interpretação, e falso em algum momento. Mas não consigo deixar de sentir a verdade quando Bethânia canta algo. Dai vem a emoção, a cartase. A identificação. O prazer. A dor também.

Florence e Beirut são duas bandas que me agradam. Seus cantores são intérpretes magníficos que superam o formato banda. São versáteis. São cantores excepcionais que me passam emoção, me passam acontecimento, cores e sensações pela música. Outras bandas boas, mas que não me identifico, apenas mecanizam a música.

Maroon 5 no Rock in Rio me arrepiou. She´ll be loved foi de uma grandiosidade tal... Nem curto tanto as músicas, mas naquele momento houve verdade. Houve paixão. Houve beleza.

Muitas coisas andam acontecendo ultimamente... Permiti meu blog ficar mais pessoal. Perdi a pseudo anonimidade. Perdi o pudor da impessoalidade também. Ficou muito tempo como poesia pura, e poucos textos pessoais e desabafos.

Me ensinaram também a ouvir e entender música instrumental. Nunca tinha tido paciência, como se fossem músicas belas, mas murmuradas em húngaro. Fui surpreendido pela retórica de uma pianista. Eu disse que música pra mim eram as vestes de uma poesia, e não conseguia entender o fascínio pela instrumental, apesar de bela.

Ela me disse que as músicas sem letra constroem emoções e sentimentos originais em cada um, permitindo o exercício criativo, e "filmes" em nossas mentes. Se houver imersão é isso o que ocorre. E pela primeira vez eu fiquei emocionado com uma música sem letras, sem poemas, mas com MUITA poesia. E vi que podia existir beleza apenas no vestido.

Philip Glass The Hours

As poesias talvez cheguem de novo. Questão de tempo, e de fluidos superiores.

sábado, 19 de janeiro de 2013


Calor e fluxo.


- Só vejo pontes, e não água.
- Onde há pontes, há água. Ou um abismo. Mas aqui ainda dá pra ver a terra molhada. Dá pra ver também os vestígios de uma vida rica, da fertilidade, da criatividade, e da lapidação que esta terra sofreu com o passar do tempo com o fluxo das águas que por aqui passaram. Águas castanhas, ou cristalinas, azuis. Não dá pra saber. Me diga o que você acha.
- Eu acho que se fossem azuis, essa ponte seria belíssima. Mas se fosse barrenta, os campos seriam mais férteis.
- É uma contradição comum entre a beleza e o trabalho. Mas há trabalho na beleza, e há beleza no trabalho. Muita beleza, inclusive. O que o seu coração mais anseia, meu jovem?
- Continuar batendo. Brincadeira. Hum, meus desejos... Eu gostaria de amar, e me sentir amado. Eu gostaria de ser belo como ás águas azuis. Mas sei que sou um rio barrento. Queria que alguém me amasse pela minha beleza, pelo que eu sou, e não pelos meus trabalhos, e pelo que faço.
- E por que esse desejo vão?
- Não sei. Talvez porque eu seja raso como o fio de água que escorre por aqui no verão.
- Talvez você seja profundo, e da ponte dê pra sentir o frescor que emana de você no inverno. Só basta você escolher se será terra rachada de verão, ou água abundante de inverno.
- Acho que todos escolheriam ser inverno, se pudessem.
- E o que os impede?
- O egoísmo de não dividir suas brisas.
- E depois dizem por ai que eu sou sábio. Tenho poucas coisas pra te ensinar agora, Gani. Você deve ver o mundo com seus próprios olhos agora.
- Para onde devo ir?
- Você sente frio ou sente calor?
- Sinto calor, mas o que isso tem a ver com meu destino?
- A natureza conspira para equalizar tudo, a matéria, a energia... O calor caminha naturalmente para os lugares frios, e assim as coisas funcionam. O Sol nos aquece, e assim nossa terra tem vida. É uma lei. Os antigos sabiam disso com muito mais clareza do que o nosso povo hoje sabe. Eles se esquecem. O erro, o pecado, está em juntar as coisas para si, estancar e impedir o fluxo natural das coisas. A morte, a dor, a tristeza também fazem parte do fluxo, assim como a vida, o prazer e a alegria mais sublime. Se você está com calor, precisa caminhar para lugares mais aprazíveis, e quem sabe um dia desfrutar do inerte.
- Você está falando que não devemos nos agasalhar?
- Pare de achar brechas retóricas nas minhas palavras. Você entendeu o que eu te falei, meu jovem. A capacidade humana de mudar o natural não é o pecado, o erro. Esse é nosso triunfo, é nossa alegria, nossa glória. Com nosso pensamento, podemos moldar nossa ação para transformar o que nos cerca. E se todo homem tivesse consciência disso, e conhecesse as leis do mundo e tivesse um direcionamento para suas ações, até os passarinhos seriam mais felizes. Seríamos capazes de transformar até a vida das lagartixas. Elas, que ao nos verem, correm, soltam a cauda, e têm este momento como o único que o sangue ferve, de medo. Pois nossos antepassados as comiam. Até hoje alguns ainda comem. Mas nossa capacidade de mudar as coisas até para elas poderia servir, se soubessemos mais do mundo, e tivessemos intuitos superiores.
- Eu não sinto vontade de melhorar a vida das lagartixas, nem gosto muito delas, inclusive. Tem olhos diferentes. Você sente amor nos olhos de um cachorro. De um réptil você não sente nada.
- O mais sábio dos homens aprende a amar até as pedras. Isso vem com o tempo. Mas é tolice pensar que se ganhe algo com isso, num suposto julgamento celestial metafísico. Se eu pegar a pedra que alguém ama, e joga-la com violência e partir a cabeça da lagartixa, e quebrar a pedra jutno, nada vai me acontecer. A lagartixa apenas morreu, e servirá de matéria para outros seres. Não serei julgado pela minhas ações contra a natureza. O julgamento reside no homem e na sociedade. A ideia de justiça também. O ato de matar a lagartixa não me torna mau, ou me envenena. Eu já estou envenenado, e já sou mau. O assassínio foi apenas o sintoma de algo que está podre em mim. A virtude e o vício se fecham em mim, na minha alma. Não numa vigilância celeste.
- Então o senhor não acredita em Justiça Divina?
- Acredito em exus e elementais, mas não em Justiça Divina. Afinal, minhas pitangas vivem sumindo da cesta, e eu nunca vi alguém viver uma vida absolutamente justa. Nenhuma pós-vida absolutamente justa, também. Só acredito no que vejo, no que sinto, e no que me diz algo. O que mais diz algo é o que menos fala também. Os maiores segredos residem nas menores nuances.
- O senhor também estava falando em frio, calor, para onde eu deveria ir...
- Sim, me desculpe. Perdoe este velho que divaga sobre as ex-águas. Você sente o quê mesmo?
- Calor. Está muito quente.
- Então você deve ir para um lugar frio, onde o seu calor se espalhe.
- E onde é frio?
- Certamente não nesta nossa terra. Além do mar. De onde eu vim é muito quente também, mas lá você não encontraria o que procura ainda. Quando começares a sentir frio, ai sim, talvez você deva passa nas Ilhas de veraneio.
- Pela lógica do senhor, se no mesmo dia eu sentir muito calor, e muito frio, eu deveria fazer o que? Nenhum lugar me seguraria por muito tempo, levado apenas pelo meu conforto físico.
- Que ingenuidade, você ainda pensa que o calor que habita em você é físico, é corporal, que vem dessa terra rachada. O fogo que vem de você e que precisa se espalhar por outras terras é outro, meu filho. É um fogo que a muito tempo eu não via, e que me traz lágrimas nos olhos por conseguir ver de novo nesta minha seca vida.


Mais um possível romance. Sempre maturando o projeto.

Hereby



Tomorrow, thou shall defeat your self-dragon, noble warrior. I hereby bless you, through our soul, your winsdow, and my love, to deliver yourself the greatest and most shining future of all.

With love, to Florence.
Your dearest Petrus.