domingo, 20 de janeiro de 2013

Florence & The Machine

Voltando a escrever ^^. Talvez por ter quem leia agora, rs. Sempre fui assim, só falava se alguém realmente me escutasse, nem que fossem as paredes. Elas às vezes escutam melhor do que pessoas, e ainda emitem uma opinião em consoante com o que escutaram, seja em forma de eco ou acústica.

Enfim. Eu nunca gostei muito do formato "Banda". Sempre preferi intérpretes. Por isso minha ligação maternal com a MPB. Gal, Bethânia, Chico. Infinitos outros. Mas meu amor à língua bárbara inglesa, graças às suas doces invasões, me levou a amar outras músicas, outros poemas, outras histórias.

Porque eu não gosto de bandas... Porq as bandas em si, a história da música se divide, não pertence exclusivamente ao cantor. Eu sei que pode parecer ridículo, mas acho fake. O cantor não tem liberdade de definir seu repertório. A banda o escolhe. Há backvocals consistentes, vozes próprias, mas não como dueto, e sim como grupo. Um dueto pode ser uma conversa, um desafio. Um grupo que canta, e performa algo, parece um bando de amiguinhos cantando musiquinhas felizes ou pseudo-existenciais. Não me apetece. Me soa falso.

Sei que é tudo ou quase tudo interpretação, e falso em algum momento. Mas não consigo deixar de sentir a verdade quando Bethânia canta algo. Dai vem a emoção, a cartase. A identificação. O prazer. A dor também.

Florence e Beirut são duas bandas que me agradam. Seus cantores são intérpretes magníficos que superam o formato banda. São versáteis. São cantores excepcionais que me passam emoção, me passam acontecimento, cores e sensações pela música. Outras bandas boas, mas que não me identifico, apenas mecanizam a música.

Maroon 5 no Rock in Rio me arrepiou. She´ll be loved foi de uma grandiosidade tal... Nem curto tanto as músicas, mas naquele momento houve verdade. Houve paixão. Houve beleza.

Muitas coisas andam acontecendo ultimamente... Permiti meu blog ficar mais pessoal. Perdi a pseudo anonimidade. Perdi o pudor da impessoalidade também. Ficou muito tempo como poesia pura, e poucos textos pessoais e desabafos.

Me ensinaram também a ouvir e entender música instrumental. Nunca tinha tido paciência, como se fossem músicas belas, mas murmuradas em húngaro. Fui surpreendido pela retórica de uma pianista. Eu disse que música pra mim eram as vestes de uma poesia, e não conseguia entender o fascínio pela instrumental, apesar de bela.

Ela me disse que as músicas sem letra constroem emoções e sentimentos originais em cada um, permitindo o exercício criativo, e "filmes" em nossas mentes. Se houver imersão é isso o que ocorre. E pela primeira vez eu fiquei emocionado com uma música sem letras, sem poemas, mas com MUITA poesia. E vi que podia existir beleza apenas no vestido.

Philip Glass The Hours

As poesias talvez cheguem de novo. Questão de tempo, e de fluidos superiores.

2 comentários:

  1. Tu conseguiu elaborar minha tentativa de argumento sobre músicas instrumentais de maneira impecável. Fico feliz que tenhas voltado a usar isso aqui. E ainda mais por ter optado pelo estilo "íntimo" de escrever (não por eu não gostar do teu estilo mais rebuscado, mas porque conseguirei te enxergar e compartilhar dos mesmos "dramas").

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  2. E, sobre bandas: imagina um músico. Imagina ele sendo muito bom. Agora pensa nele podendo compartilhar experiência e tendo a oportunidade de passar pela sua trajetória com outros músicos. Essa idéia de troca de idéia/experiência/conhecimento é extremamente instigante. Fazer suas próprias letras, suas próprias músicas, é maravilhoso. Poder contar com um parceiro músico e, fazer dele sua fonte de enriquecimento musical, é estonteantemente foda. Por trás de toda solista existe uma banda. Uma banda "pau mandada", mas banda. E a parte do "pianista" foi engraçado. haha.

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