quinta-feira, 11 de março de 2010



Soneto dos olhos D´água

Te abraçar assim é o que eu quero mais,
E beijar tua boca molhada,
Nadar e beber os teus olhos d´água,
Mergulhar neles partindo do cais.

E na areia contigo me deitar,
Sentir teu corpo banhando de bronze,
Reconhecer o teu cheiro de longe,
E uma vida para te amar.

E o Sol tem inveja do teu cabelo,
Que só não brilha mais que o meu sorriso,
De felicidade quando te vejo.

E dentro do mar quero tê-lo,
Esse teu afago que tanto preciso,
És o espelho d´água que eu tanto desejo.


Farias?


Farias?

Farias o favor de tocar,
Outra vez aquela canção?
Farias o favor de tocar,
Outra vez o meu coração?

Eu faria tudo por ti,
Com meu sangue e minha voz,
Reescrever assim para nós,
A história toda em si.

E o nosso dueto na brisa a ecoar,
O nosso infértil amor a dançar,
E o meu coração embalado a bater,
Feliz que nem louco somente por te ver.

Numa calçada a beira-mar,
Em Intermares quero te sentir,
E nas sereias inveja provocar,
Quando o nosso canto no mar tinir.

E que seja eternamente assim,
Para todo o sempre de uma noite,
A voz e o violão se unirem em fim,
Trincando então o diário açoite.

Mármore Moreno


Mármore Moreno

As minhas mãos vão deslizando pela tua cintura, modelando o barro em mármore de Carrara. Com lascividade eu te aperto o ventre, e te acaricio a barriga. Te modelo com força e sensualidade, com as minhas mãos nos teus peitos, e na tua barriga. Tuas coxas curvilínias de soberba são minhas. Tua nuca quente, e teu pescoço macio. Teus fortes braços, e as tuas mãos num aperto reflexivo. O mármore moreno está pronto. Até Davi de Michelângelo te inveja, e Rodin me inveja.

Teço teus cabelos de ouro como um artesão tece a lã do velocino de ouro. Pego as flores do mundo todo para extrair o teu cheiro de Primavera. Pego emprestado do sol o brilho, para imitar a luz do teu reflexo.

As esmeraldas e as safiras mais raras, tentam se irmanar para imitar a beleza dos teus olhos. Das maçãs o carmim dos teus lábios. Que lábios. Eu até pedi a Orfeu para te compor uma música.

Eu te fiz como símbolo máximo do Belo, mas o sopro de vida final, eu ainda aguardo o momento certo pra te dar.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Backup


Backup



Eu Morri. Os vermes estão devorando minha carne. Mamãe está louca e minha família desestruturada. Na escola paira um luto superficial. Alguns choram. Gente que nunca falou comigo chora. Gente que conviveu comigo por mais de um ano nunca irá sentir minha falta, vai até pensar: Que saco, por que ta todo mundo triste? Todo mundo vai morrer um dia mesmo.

Alguns choram.

Mas e a minha consciência? E o meu conhecimento? E a minha sabedoria? Foi tudo sepultado junto comigo? Cremado com os meus ossos? Esquecido no vento que leva as minhas cinzas?

Todos os meus desejos, meus anseios, minhas vontades, minhas memórias, minhas reflexões, as músicas que decorei, o conteúdo que aprendi na escola e na vida, os jornais, revistas e livros que já li, as conversas que tive, as poesias que nunca escrevi, as confissões de amor, caladas, e sepultadas para sempre?

Tudo isso vai ser fragmentado em meia dúzia de manuscritos, um blog, e diluído e distorcido na memória dos conhecidos?

O meu corpo fica. E eu? E minha essência? Vai/vou pro céu conversar com os arcanjos, bater papo e discutir se quem vai ganhar é o Treze ou o Campinense? Ou vou pro inferno, discutir com Satã sobre religião? Talvez isso tudo seja reciclado no depósito do ciclo da vida. Talvez.

Será que a programação do software da vida, e o da morte, permite um Backup? Ou vai tudo eternamente para a lixeira da eternidade? Se for assim, sinceramente, vai pra puta que pariu Microsoft, e eu não quero saber, vou levar pro Procon se eu não tiver de volta meu HD de 927 Therabytes ¬¬

segunda-feira, 1 de março de 2010

O Canto de Orfeu



O Canto de Orfeu

A cadência nesse tom,
Alivia minha dor,
Belas notas que têm cor,
Compõem magno som.

A ira tripla se desfez,
Quatro cordas a vibrar,
E Carontes a chorar,
Sentindo da lira a tez.

Perséfone implorou,
Comovida por um ser,
E fez até Hades crer,
Assim que ela o rogou.

Eu vi todo o trajeto,
Brilho de felicidade,
Do abismo a cidade,
Se ouviu da música o eco.

Com graça a lira tocou,
A voz de Orfeu tiniu,
Até Poseidon ouviu,
Assim que Orfeu cantou.

Mas a alegria é assim,
Uma pluma numa pétala,
Breve, intensa, incerta,
Como uma flor no capim.

Por que olhar para trás?
Contenha as ânsias do amor,
Olhastes com o temor,
Quem quem ama não o faz.

O sal que tem teus encantos,
A pedra que tem tuas mãos,
Os gritos calados são,
O útlimo dos teus cantos.


Análise: Cara, to me sentindo o Parnasiano, poema composto por 8 estrofes, quartetos, rima ABBA (1° com 4°, 2° ao 3°), e contando a história de Orfeu vista por um vulto do Érebus(Eu vi todo o trajeto), que pra mim é uma das mais tristes e lindas da Mitologia, e que como moral da história, nos diz para ficar atentos a pessoa amada, nos concentrar, porque a falha dentro do jogo do amor muitas vezes é cobrada, e sem volta, recompensando a desatenção com uma estátua salina.

Espero que tenham gostado :P

E cuidem do seu amor, para que Hades não o transforme em uma estátua de Sal, mande isso para todos os seus conhecidos, e mais informações procurar a secretária municipal da Paraíba de controle mitológico(vulgo SMPCM)

Vá wikipediar por ai, quem não conhece a história de Orfeu - -