quarta-feira, 10 de março de 2010

Backup


Backup



Eu Morri. Os vermes estão devorando minha carne. Mamãe está louca e minha família desestruturada. Na escola paira um luto superficial. Alguns choram. Gente que nunca falou comigo chora. Gente que conviveu comigo por mais de um ano nunca irá sentir minha falta, vai até pensar: Que saco, por que ta todo mundo triste? Todo mundo vai morrer um dia mesmo.

Alguns choram.

Mas e a minha consciência? E o meu conhecimento? E a minha sabedoria? Foi tudo sepultado junto comigo? Cremado com os meus ossos? Esquecido no vento que leva as minhas cinzas?

Todos os meus desejos, meus anseios, minhas vontades, minhas memórias, minhas reflexões, as músicas que decorei, o conteúdo que aprendi na escola e na vida, os jornais, revistas e livros que já li, as conversas que tive, as poesias que nunca escrevi, as confissões de amor, caladas, e sepultadas para sempre?

Tudo isso vai ser fragmentado em meia dúzia de manuscritos, um blog, e diluído e distorcido na memória dos conhecidos?

O meu corpo fica. E eu? E minha essência? Vai/vou pro céu conversar com os arcanjos, bater papo e discutir se quem vai ganhar é o Treze ou o Campinense? Ou vou pro inferno, discutir com Satã sobre religião? Talvez isso tudo seja reciclado no depósito do ciclo da vida. Talvez.

Será que a programação do software da vida, e o da morte, permite um Backup? Ou vai tudo eternamente para a lixeira da eternidade? Se for assim, sinceramente, vai pra puta que pariu Microsoft, e eu não quero saber, vou levar pro Procon se eu não tiver de volta meu HD de 927 Therabytes ¬¬

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