domingo, 26 de setembro de 2010

Prefira o Azul




Prefira o Azul


Enxergo teu rosto em cada música,
Teu cheiro em cada flor,
Teu gosto em cada fruta,
Teu corpo em toda dor,
Tua lágrima em cada chuva.

Todo agôgô é o teu peito,
Toda brisa também é,
Toda composição leva um brilho teu,
Toda solidão é tua ausência,
Toda felicidade é tua presença.

Toda água são os teus olhos,
Mares, lagoas, gotas de oceanos inteiros,
Prefira o azul, e não o verde.

Totalmente teu, o meu também,
Tatuagem da alma, tufão,
Meu coração ainda bate, amém,
Escrevendo com toda a tinta,
No compasso da tua ilusão.
Tum tum tum...
Bate e escreve por ti.

A Pele





A Pele

Amor infértil, inglório,
Estéril, manchado,
Seco, sombrio,
Solitário.
Maldito.

Desejo idealizado, sonhado,
Forte, cortante,
Vapóreo, teimoso,
Sujo,
Corrompido.

Que desejo tão forte, tão forte,
Tanta vontade, vida, avidez,
Sede e fome pela tua tez,
Te tocar, e só.

Serei eternamente feliz, então,
Durante o tempo
Que a minha pele tocar a tua.
Entrelaçados.

A pele,
Caminho por onde escorre o rio da minha alma,
E deságua na lagoa dos teus olhos.

Deixe essa água correr,
Deixe.

O Purgatório






Rafael, meu querido amigo recifense, publicou esse conto num projeto pessoal dele chamado Rua7, e estou resgatando um dos melhores contos que eu ja escrevi, e que eu adoro, e estou repassando pra vcs tmb. Espero que gostem.


O Purgatório

Ela se chamava Laura, 26 anos, protestante, calvinista, capitalista, materialista, egoísta e egocêntrica. Sua Generosidade limita-se ao pagamente frio, superficial e irritante da comissão espiritual do seu pastor. Um imposto social, para ser vista com bons olhos na sociedade. Apesar de sua avareza, sua característica mais marcante era a vaidade.
Ascendência francesa, seus genes lhe foram generosos, concedendo-lhe um corpo gracioso e uma beleza ímpar. Ela só era desprovida de seios, e para saciar sua voracidade especular, submeteu-se à cirurgia plástica.
Na mesa de cirurgia, atordoada pelas forças mágicas da anestesia, ela sentiu seu corpo extremamente leve, pairando no ar e subindo até o teto da sala, onde viu na mesa de cirurgia o seu corpo sendo dilacerado pelos médicos, que mais pareciam açougueiros. Teve asco.
De repente ela sentiu novamente a força da gravidade, despencando rapidamente no instante de um susto indo de encontro com o chão, mas para sua surpresa, ela atravessou o chão e o medo como se fossem uma parede de gás à sua frente. Parou de sentir medo. Queda livre em direção ao desconhecido.
Após um indeterminado tempo ela caiu numa galeria com estalagmites e estalactites acobreadas. Sem dor, levantou-se, tentou tirar a poeira que não havia, e então percebeu que estava diante de um grande portão de aço, um aço rubro, com uma inscrição que contradizia suas crenças, esculpida em letras grandes e arcaicas: Purgatório.
O portão se abriu, autônomo. Tomada de uma mórbida curiosidade, Laura foi caminhando até o portão. Caminhou e atravessou um grande corredor que foi desaguar num enorme salão, suntuoso e extremamente mal iluminado, onde quase não dava para se situar. A única luz que clareava aquele breu vinha de uma porta de madeira muito simples, entreaberta no canto da sala. Foi atrás da porta.
Chegando mais perto, começou a ouvir alguns gemidos indefiníveis. Abriu a porta com o coração acelerado, suando um suor frio que não existia, mas com uma ansiedade que não somente existia como também era absoluta e a dominava.
Abriu-a de uma só vez, num só bruto ato. Uma sala apertada, uma mesa enorme, várias cadeiras requintadas, um impressionante banquete com as comidas mais suculentas que ela já viu na vida num espetáculo de sinestesia.
E sentados às mesas, desespero e agonia envultados, imitações de pessoas. Gritos e urros ensurdecedores, veias saltando às gargantas. Uma situação desesperadora e ensandecida. Os braços e punhos estavam acorrentados, impedindo-lhes de levar seu próprio alimento a boca. A fome fazia com que o tempo lá não passasse, e as almas condenadas ficassem até durante séculos naquela situação.
Laura correu, transtornada, da sala e voltou correndo para o saguão, que de repente se iluminou num instalar de dedos, revelando toda a suntuosidade que havia sido encoberta pelas sombras. Uma abóboda alta, com colunas e reentrâncias com entalhes de fina madeira, mármore, ouro e pedras preciosas, com afrescos renascentistas grandiosos, no teto e nas paredes, que causariam inveja ao próprio Michelângelo.
Só então ela se deu conta que aquela porta da sala dos acorrentados ficava nas extremidades escondidas daquele saguão, e que em seu centro pairava um enorme portão que se erguia até quase o teto, revestido de ouro e vinhas barrocas douradas, mas vivas, com um forte ar celestial. O portão se abriu, novamente, causando um som grave e imponente, mostrando seu interior.
Onde antes as paredes apertadas sufocavam os condenados, o que limitava a sua amplitude eram as nuvens numa luminosidade solar de fim de tarde. Via-se o Sol, pintando as nuvens no horizonte, e o mar multicor, olhando-se muito profundamente, aos seus pés. Literalmente não andando com os pés no chão. A mesma mesa com o mesmo banquete, as mesmas cadeiras, as mesmas correntes, mas sentados as mesas, não mais os vultos enlouquecidos de fome, mas sim a pura representação da felicidade.
Cada um alimentava a pessoa sentada ao lado, contornando de forma altruísta os limites impostos pelas correntes, que agora nem se faziam mais precisas, e se afrouxaram ao ponto de libertar-lhes os punhos.
Laura então sentiu seus peitos dilatados e doloridos.

Gramática Interna




A complicasão fonética ce cauza esa louca distonia entre a língua e a fala, é(ou eh) fruto da eransa burocrática ce instaurou-se desde meados de miu e cinhentos, en uma tentativa de normatizar e unificar a língua portugueza, destruindo asim sua fonética.
Cartas antigas denotan a fonetisidade do portugês, você sendo vc, por esemplo. Uma linguajem pura e limpa. O "e" poderia ser "i", não? O próprio "não" poderia ser simplesmente ñ, bonito, elegante i Ispânico: objetivo.
Ñ existe a nesesidade de si escrever con tantas letras para desiguinar o mesmo som. K, Q i C? Esesivo e desnesesário.
Proponho ainda ci os asentos diferenciais permanesam, pelo menos por um tempo. Mas sem dois Ss pelo amor de Deus.
A internet(gringa), por exemplo, ajudou muinto a dinfundir esa fonetisidade. Pase-livre para pregisozos e fonetisistas(e ai, Nestor, blz?, ce consegem si ver livres do furor crítico ci está si inflamando dentro da sua gramática interna nese momento.
A mudansa graduau e lenta deveria sim ocorrer. O senso estético eh bazeado apenas nos paradigmas vijentes. Imagine ce nun mundo auternativo, esa fose a linguajem serta, o feito seria exatamente o noso portugês "correto".
Apezar diso tudo,.ainda concordo com o duplo "r" diferensial, uzado em "carro" e "caro", apezar de semanticamente os dois andarem bem prósimos.

domingo, 19 de setembro de 2010

A vida Pulsando




A vida Pulsando


Eu não sei pedir,
Tu não sabes me dar,
Eu só sei sonhar,
Tu nem sabe imaginar.

Meu coração é imenso demais,
O teu não existe,
O meu vai morrer afogado,
O teu vai ser imortal diante da sua inexistêcia.
Um fantasma.

Tantas palavras minhas,
Tantas frases, poesias, músicas,
Conjecturas, sonhos,
Fascinações, dores, idéias,
Ja disse sonhos?

Você?
A vida te leva.

Me deixe te abraçar,
Me deixe te beijar,
Não tenha medo, não.

Me deixa desafogar tanta água, tanta vida,
Tanta ânsia, tantos sonhos, tanto espírito,
Tanto sexo, tanto amor.

E você, terra árida, tão linda, selvagem.
Simétríca dentro das suas perfeições,
Espírito tão jovem, tão belo, com tanto espaço.

Você,
Terra jovem, tenra, seca.
eu,
Oceano antigo de imensidões azuladas.

Me deixa te preencher,
Filtre o sal das minhas lágrimas,
Tantos séculos de choro.

Sinta, pedra inóspita,
A vida pulsando dentro de você.
Não perca tempo com inutilidades!
Floresça na primavera de nossas vidas,
Acorde, Solidez brava,
Tanta beleza que enebria,
Hipnotiza, apaixona.

Tantas ondas que eu mando...
Todo dia, batendo na tua porta de areia,
Um maremoto te arrasaria, não quero.
Me seguro tanto para não te inundar sem querer.
Me atenda.

Deixa eu te mostrar os tesouros do mar,
Continente,
Pérolas, conchas, corais, todos seus.

Venha, deixe-me te abraçar,
Te proteger, te envolver.
Deixe-me irrigar a vida verde dos teus olhos,
Onde só eu enxergo o azul que ali mora.
O azul marinho, reflexo da minha alma.

Aurora II




Aurora II

Raio de luz que corta a noite,
Revelando a essência reflexiva da terra,
Amarelo, fogo, vento frio, sol quente.
Manhã árida das serras no Sertão.

Facho de brilho que rasga a ribalta,
Mostrando o âmago refletor praieiro,
Azul, água, púrpura, verde,
Amálga mamarinha de cores psicodélicas,
Dançando feito Serafins de multicor,
Sem saber onde termina o céu,
E onde começa o oceano.
O encontro de dois quase-infinitos.

O Sol apresenta os mais lindos espetáculos ao acordar, adornando a natureza com suas vestes aúreas e solares.

Mas nem a grandeza solar que se irmana com as coisas mais belas da Terra, é capaz de criar espetáculo mais belo do que te ver acordar, com a luz do Sol saindo da janela, batendo no teu rosto, e competindo com o teu sorriso, vendo quem afinal é mais solar.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

http://www.youtube.com/watch?v=5rqc6NCIQik

Serra, O Bandido da Luz Vermelha.

domingo, 12 de setembro de 2010

Aurora





Aurora

O escritor americano Henry Miller ja disse certa vez: "A melhor forma de esquecer uma mulher, é eternizá-la na literatura."

Bem, ja fiz muito isso hehehehehe... Segui a dica do sábio antes de conhece-la oficialmente.

Quem assitiu o filme "500 dias com ela" vai me entender melhor. Imaginem a situação:

Acabou. Tudo acabou, o que existiu, e o que poderia ter existido. Nada existe mais, só aquele buraco dentro do coração, aquela tristeza devorando sua alma. A única coisa que você quer é ela. O cheiro dela, o cabelo, os olhos cintilantes, o sorriso, aquele jeito sonso, de voz suave e manhosa, a risada escandalosa, a pele tesa...

Você não pode tê-la, simplesmente não pode. Amigos, ou nada.
Amizade é outro nome para tratamento homeopático de crise de abstiência.

Nesse momento, só restam duas coisas na sua vida: A tristeza infinita, e a vontade de superá-la.

Vocês estão viajando juntos. Uma obra do destino os coloca no mesmo ônibus. Aquela força colossal para se segurar, e aquela ainda maior para tentar permanecer uma situação de normalidade.

A noite cai. Doce noite. Morfeu também, e o sono chega, avassalador. Ela dorme nos seus braços. Encosta a cabeça no seu ombro. Você respira toda a essência do cabelo dela. Ela simplesmente dorme, no seu ombro, feliz, tranquila, segura, radiante.

Uma felicidade imensa inunda sua alma nesse momento. Agora, você sentiu uma pequena prova do que a vida poderia ter lhe ofertado, e do que destino te tirou. Mas você também tem a leve impressão de que aquela felicidade por mais breve, tola, e medíocre que possa parecer, devido as circunstâncias, não teria como ser maior.

Um gole do vinho da alegria conformada, é mais delicioso do que pular no vinagre dos relacionamentos engedrados, corroídos pelo tempo, destruidos pelo cotidiano e pela convivêcia. E que a memória irá salvar as boas lembranças. Só o desconforto e o cansaço sobrarão.

Mas você terá, apesar de tudo, para sempre aquela memória imortal e irretocável, do sol nascendo na janela do ônibus, refletindo no rosto Dela...

Isso, casal perfeito nenhum terá. Essas lembranças, são uma das coisas mais preciosas, e você as levará junto muito depois de ter passado dessa vida.
Quem deixa de viver um grande amor, deixa vivo, no entanto, dentro, ardendo, os mais doces sentimentos e lembranças imortalizados pela casualidade dos acontecimentos, pelas brincadeiras do destino, e pela eterna imcompletude humana.

sábado, 11 de setembro de 2010

1000 vizualizações, sucesso ¬¬