quinta-feira, 26 de maio de 2011

Muito Clichê


Muito Clichê

Jerônimo estava, como sempre, estudando no seu quarto no 15° andar. Olhou pra janela, a janela olhou pra ele, que viu a tela, que viu a tesoura, e a tela soltou um grito mudo.

- Nah, nem depressivo eu tô pra fazer uma coisa dessas. Mas se bem que eu tô cansado. Queria saber como era a morte. Não tenho sonhos, planos, perspectivas, tudo é muito chato... Além do mais, vou ficar famoso. Mamãe... Mamãe vai ficar triste. Ah, ela supera, depois piscografam alguma coisa pra ela ai.

E ele começou então a escrever sua carta-suicídio-testamento-Jogos do Xbox.

- Jerônimo! O que você tá fazendo!?
- Treinando a redação, Mãe. Tá de matar.
- Ah bom.
- Mãe?
- Oi
- Eu te amo, viu?
- Eu também te amo, meu filho. Mas vá estudar, vá. Seu concorrente não fica dizendo o tempo todo "Te amo mamãe, blá blá blá". - E fechou a porta

- Nah, ela vai superar.

Blá, blá, blá, blá... "E saio da vida para entrar na história..."

No outro dia, nem apareceu nos jornais.

- Muito clichê - Disse o editor.
- Todo dia alguém pula querendo ficar famoso.

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