segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sophitia


A mão que amassa a areia,
Transforma o deserto numa flor,
E traz as águas na luz dos olhos,
O calor dentro do peito,
A vida inteira diante do corpo.
Traz o amor em si,
Dentro,
Num sorriso.

E o sol vem só pra brincar com teu cabelo,
Fazendo ele mexer pela aurora,
Púrpura, castanho, dourado.
Reflexo multi-cor.

A vida explode em profusões anis,
Fazendo do cinza, verde,
Transformando abismos em vales verdejantes,
Olhos de quem vê a vida.

Vida que brota só por ter sido assim olhada.
Espelho embevecido de Ceres,
Reflexo exponencial.
Degradé Furta-cor de Gineceus Andróginos.

E o canto se espalha do mar aos céus.
Até o vento da montanha canta,
E os montes e as colinas estão vivas,
E a terra desabrocha em vida, flor e luz.

E o decálogo se quebra no meio!
Junto com todos os outros fragmentos de rocha podre!
Fazendo brotar do sal
Sementes de Lotus ocidentais.
Marinas e Marianas que se partem,
Aflitas,
Por mares de pétalas,
Salgadas.

A vida desponta da mão,
Como num facho de brilho,
Como num encontro de lábios,
Onde a pele é fio, vertigem,
E a língua é roca, queda.

Nem é Deus,
Nem seu plural,
É mais,
É a luz que clareia a alma,
É Sophitia,
Que anda, por andar.

Algum dia,
De algum jeito,
Em algum lugar.

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