segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Shivers



Os tambores percorrem as ruas da cidade,
Clareando o breu dos casarões assombrados,
Afastando as sombras e os gritos,
Das moças emparedadas,
Dos prédios engendrados,
Das moças assaltadas,
Da imprensa ensanguentada.

Oh, oh!
Ganzá, surdo e ingonos,
Rasgando as trevas da cidade morta!

E a banda, por onde passou,
Trouxe luz,
Acendendo os céus e a madrugada,
Acordando quase vivos e fantasmas.

Atravessou a noite,
A rua da Moeda,
A rua do Judeu,
A ironia da Bom Jesus.

Naquela noite,
Ninguém teve medo,
Ninguém sofreu.

Só quem amava, mas por opção.
Mas nem os amantes tiveram medo,
Naquela noite, enfim, ninguém teve medo.

E os corações batiam juntos,
No compasso do tambor,
Sincopados com alma, que vibrava.

E as vozes entoavam cantos negros,
Luanda se fazendo presente na rua,
Banzo que impregnava na pele.

E os olhos da multidão que passava e via,
Brilhavam,
Lamparinas na escuridão.

Nas sete pontes o meu coração pulou,
Naquela noite a voz era o tambor,
Shivers.
Muito obrigado,
Meu Maracatú Oriental.

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