terça-feira, 22 de julho de 2014

A Flor da Liberdade



Certas flores, ao lutar contra os influxos do destino, se fazem cheias de sumo concentrado. As secas e as devastações as tornam mais belas e luminosas. Algumas flores no sertão, em plena seca de mundo, se revelam verdadeiros espelhos do São Francisco. Oásis da existência, fortaleza da vida. Trazem na refração um prisma de beleza de cores, vibrações e potência. A guerra do caminho da seiva a (re)constrói de dentro em arquiteturas únicas. Suas almas são terraformadas pelo destino.

Eu conheci uma dessas flores.

Por mais que tivesse raízes, era absolutamente livre. Cavalgava nos campos no compasso quaternário de suas vontades absolutas. Sincopada com a própria vida. Era amálgama de cores e movimento que eram imitados pela vida. Não era mais nem flor. Era floração? Era brisa - Era mais. Pétalas furta-cor ao vento, se movimentavam e enchiam a terra de luz, brilho e esperança. Andava pelos brejos e desertos que verdejavam de novo por um ato ou olhar seu. Soprava um beijo e o Ipê floria em cores inéditas. Fazia das veredas lamacentas verdadeiros mananciais que corriam sorrindo e brincando. Trazia vida, música, cor, luz e misericórdia.

A flor da liberdade ao romper seus grilhões rompeu os meus, e me deu um beijo que durou a eternidade. Eu durei a eternidade. Meu coração se encheu de êxtase e calmaria, e eu nem era mais homem. Eu nem sabia o que eu era. Eu era cor luz movimento exaltação amor sorriso. Eu era um Deus.










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