quinta-feira, 31 de julho de 2014

Pedro Anátema

Um olhar, um aperto,
Daqueles que duram muito,
O mar, a onda,
Autofagia de língua.

Extremos debaixo da pele,
Choque térmico de contornos,
Estômago seco,
Coração impune,
Helicóptero de vendavais.

Vidro severíssimo,
Paga luz na mesma moeda,
Talvez seja assim no mundo,
Reflexos de teimosia em
que a luz demora a chegar.

E assim nasceu o karma,
A vingança dos esquecidos,
Pois o Universo curva toda luz.

E o equilíbrio é o metal polido,
Foco imperfeito de luz,
Tolerância de Rouland,
Vendetas mais que tribais.

Eu tenho mágoas, quem não tem?
Mas em mim a sombra não toca,
Pois ela é filha da luz,
E toda luz que não vem dos olhos,\
Me dá medo e me suprime.

A palavra parou de me devorar,
Talvez não a ache mais nas entranhas,
Anagramas de mim,
Anátema de você,
Quando eu ainda falava na 2° pessoa,
Metalinguagem que me salva.

A língua é como o corpo,
Mas sem templo, ateia,
Crê no que diz, enquanto dorme,
Um beijo entre Platão e Nietzsche,
Alemães e gregos são irmãos,
Mesmo sem o Euro,
Sonambulismo fraternal.

E o poema é cama,
Não uma alcova,
Leito leite de mãe,
Ócio, sono, afeto,
Chupar o próprio dedo,
E dormir na eternidade.

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