quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Belo

Escrevi teu nome no vento,
Lampejo de dor,
Buraco de peito,
Memória afogada no mar,
Pros braços de Iemanjá,
Eu cantei meu lamento.

Afoguei na onda o teu azul,
Dos teus olhos anis,
Aquelas flores mais sutis,
Que de cada pétala que se abria,
Uma pontada eu sentia,
Quando você me olhava de triz.

E então eu te vi de novo, naquele restaurante. E eu soube então que tua cicatriz em mim ia pra sempre ficar. O buraco não iria ser preenchido por outros sentimentos, não existe Someone Like You, e no fundo todos nós sabemos disso, só tentamos nos enganar até onde dá. Eu te vi no restaurante, e meu peito quase bateu mais forte, mas dessa vez não. Dessa vez meu estômago gelou, e eu aprendi a entender o que minhas vísceras querem me dizer. Elas me disseram pra eu correr, correr o mais rápido possível, me afastar de você enquanto dava. Mas eu não podia. Meu fígado dava uma pontada toda vez que eu te olhava, me puxando para não olhar nos teus olhos novamente.

E eu nem precisei falar com você. Meu pulmão agradece, porque senão teria que trabalhar em dobro. Minha boca se travou, e eu olhei de relance. Só. Mas olhei várias vezes de relance, porque meu coração, egoísta, masoquista e misógino como ele me pedia pra te olhar o máximo que conseguisse.

Não importava o quanto eu estava lindo naquele dia, o quanto eu estivesse me sentindo bem. Você sempre seria mais belo. Sempre. E o mar me chamou, e eu saí correndo. Uma calçada a beira-mar faz estragos, enquanto meu corpo todo me puxava pra longe, meu coração ansiava tapar-se com a tua argamassa de ilusões. E enquanto eu soltava piadas frouxas e ridículas, uma luta tremenda ocorria dentro de mim. No fim, consegui até ser engraçado. O interior de ninguém importa realmente numa festa.

No fim, eu consegui ser engraçado. Bem engraçado. Dizem que quanto mais triste o palhaço melhor ele é. Bem, não é verdade. Eu estava feliz, só por respirar o mesmo ar, por te ter como paisagem. E estava também irremediavelmente mortificado por tudo isso ser não mais do que um fantasma. Um falso amor. E no fim da noite, só me sobram os gritos e o cansaço. Talvez isso seja verdade.

E o pior de tudo, é que você Não Vale A Pena.
Simplesmente não vale.

http://www.youtube.com/watch?v=S1LtIULGGDM

3 comentários:

  1. Nossa, lindo texto, e o vídeo, adorei!

    Não sei se faz seu genero mas vê esse aí, eu gosto muito dessa cantora:

    http://www.youtube.com/watch?v=TKdd3rMP5Ek

    Boa tarde!

    Secretcristal

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  2. Esse é exatamente o meu gênero. Rs.
    Sem tirar nem por um miligrama.
    Acertou em cheio.
    Quem é você?!?!

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  3. Um miligrama, foi ótima essa resposta.
    Eu sou uma admirado do que escreves, ah!
    tem coisa que não compreendo bem o contexto
    não, mas tudo bem, escritor tem essas utopias... :D

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