quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Texto trazido do Timeline do Face.

Essa é a última vez que vou me pronunciar sobre o 2° Turno. Todo mundo já sabe o que tem que saber, é um saco ficar repetindo a mesma coisa o tempo inteiro. Claro, vou compartilhar algumas coisinhas, afinal o que seria da minha timeline né? kkkkkkkk.

Mas enfim, eu cheguei a uma triste conclusão sobre as escolhas dos candidatos - quanto ao nível intelectual dos eleitores. Há pessoas inteligentíssimas e burras-como-uma-porta dos dois lados. Conheço verdadeiros gênios petistas, e verdadeiras mulas psdbistas, e o inverso também. A crítica vai para os dois lados, mas sim, principalmente dirigida aos petistas.

> Constatei uma coisa que me preocupa: quase ninguém entende absolutamente nada de economia. E quando acha que entende é pior, pois se fecha para novas informações. Absolutamente NENHUM petista sabe ou se interessa por economia. Conheci uma pessoa até hoje com o cabedal de conhecimento impressionante que vota em Dilma, mas mesmo assim não sabia explicar porque apoiava a macroeconomia politica do PT, pois era indefensável até para ela. Era pura teimosia ideológica, pelo menos nessa questão.

Alguém que vai votar em Dilma quase sempre ignora completamente os dados econômicos na história recente, ou falha completamente quando tenta explicar a macro-política econômica do governo que apoia. Dispara apenas "PT luta pelos pobres, PSDB pras elites!". Repete um discurso velho, velho, cansado, dizendo que o PSDB é neoliberal (hahaha). Cansado demais de ouvir isso. Seria um prazer ouvir um petista me falar com graça sobre economia. Até hoje só encontrei diplomatas vendidos como Celso Amorim, keynesiano raso, político-raposa.

Isso aqui não é uma ofensa dirigida aos petistas. É infelizmente o que pude constatar nesse tempo. A maior parte tem muito interesse em fazer o certo, em combater a pobreza, lutar pela igualdade. Mas falam abertamente que não se interessam por economia. Ora, essa posição é como uma competição de esgrima onde não se quer pegar na espada. Desde quando política conhecimento econômico andam separados?

É uma tristeza conhecer tanta gente absolutamente brilhante, mestres em tantas áreas, mas que não fazem um mínimo de esforço para tentar entender o contexto político em que vivem, na sua raiz mais pragmática - o dinheiro. Entendem TUDO de história, política, golpes, ideologia, força, relações de trabalho, opressão e guerras, mas ignoram a malha econômica que sempre esteve por trás de tudo, achando que sua definição retirada dos livros de ensino médio sobre imperialismo romano-inglês-americano são o suficientes. Ou que a Carta Capital ou Sakamoto, ou a Veja e Rodrigo Constantino são o suficientes.

Toda e qualquer política precisa ser financiada. O funcionamento do país é abastecido, alimentado pelo dinheiro. O que eu constatei foi que até nos mais altos graus da academia, até os professores que eu mais admiro, falham ao analisar e expressar ideias simples como o tripé econômico. Quantas pessoas sabem explicar o que é, qual a importância?

A realidade é que a grande massa ignora esses fatores CRUCIAIS, e não só a grande massa, mas a elite intelectual, inclusive as pessoas mais inteligentes que conheço têm preguiça pura de entender o que move a nação, e de entender que isso é chave fundamental do processo democrático. Não há política social que se sustente por muito tempo sem um aparato financeiro que o alimente. Negar esse fato é infantilidade, ignorância, desonestidade intelectual, demagogia, visível imoralidade, ou qualquer coisa que o valha. Não que eu seja um economista, muitoooo longe disso, sou estudante de Direito, sou medíocre até no meu curso, quanto mais no dos outros.

Sou apenas curioso. Mas essa é a única diferença - a inquietação. Nunca a inteligência. Quando alguém vem e repete uma coisa que leu ou na Carta Capital ou na Veja, essa pessoa realmente entende o que aquilo diz? 95% acha que sabe o que é inflação, quando eu só conheci 3 pessoas até hoje que sabiam me explicar com propriedade. Uma lástima. Todos confundem carestia com inflação. Esse é só um exemplo de inúmeros dados, institutos, comparações e análises históricas falaciosas, imprecisas, baseadas na opinião-geral infundada. Quantas fontes opostas ideologicamente para comparar panoramas aquela pessoa procurou? Quantos livros leu ou quantas palestras de economistas (americanos, europeus, principalmente) assistiu?

O maior problema do país, pra mim, continua sendo a ignorância. Mas não aquela ignorância que salta aos olhos, do analfabetismo. Aquela que anda junto da pobreza ou do fanatismo. Mas sim aquela velada, aquela que é motivada não pela impossibilidade material de se estudar, ou pela falta de habilidade intelectual, ou mesmo pela base defeituosa, mas pela pura PREGUIÇA.

Esclarecendo, não estou defendendo aqui que o PSDB tem um plano econômico EXCELENTE. Mentira, é uma coisa básica, mas que funciona em todo país do mundo. Quando o PT parou de aplicá-la no final do segundo mandato de Lula o país começou a frear o crescimento. Ou seja, diminuir o ritmo na luta contra a pobreza, em outras palavras.

Vejam, isso não é uma defesa aos ideais liberais. Não aqui, não agora. Até para os programas sociais de distribuição de renda é necessário o crescimento econômico. Não é preciso ser capitalista para entender de economia (mas parece que o inverso se faz inevitável pela práxis), nem socialista para querer enfrentar a pobreza ou as relações de exploração. É questão de conhecimento e pragmatismo, seja pela visão de qualquer corrente.

É necessário sim o fim dessa linguagem hermética, posto que os resultados nos afetam grande e diretamente. A popularização desses estudos é essencial ao desenvolvimento do ideário e da nação. É importante conhecer inúmeras vertentes político-ideológicas antes de se adotar uma ideia. Conhecer o outro lado do espelho nos permite o auto-conhecimento.

Precisamos URGENTEMENTE de uma educação financeira concreta nesse país, nas escolas, nas universidades. É inadmissível viver num sistema democrático sem exercer com firmeza e sabedoria o republicanismo. Mastigar dados de forma ruminante, sem conseguir processá-los direito, e se juntar ao turbilhão titânico do fluxo acéfalo de informações falsas, mal pensadas, irrefletidas, e demagogas nas redes sociais é uma caminhada lenta e certa para o abismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário