quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Monocœurdia.

Tantas noites enquadradas pelo tédio,
O eterno caminhar nas ruas em preto e branco,
A vida bonita mas Monocœurdia.
Até que tua luz me atingiu.

Não se fez dia nem sol,
Foi luz lunar, tímida, palatina,
Faca de prata cerimonial que chegou pelas frestas do destino,
Cortando luzes em acontecimentos
No Altar de astros.

Abraçados nas trevas líquidas,
Seguros por um fio cintilante-lazúli,
Uma Lanterna tensiona os motivos numa lâmina.
Mergulho nas estrelas.

A vida é acidente da matéria,
Mas pode-se faze-la em cores novas.
Há de se afogar o azul
E abraçar o breu.
Teus olhos.

O teu mistério me fascina e me preenche,
Teu rosto me lembra o que é estar vivo,
E a maravilha de ser conquistado, Granada, pela tua cavalaria selena ibérica.

Flor bérbere do Lácio-Cartágeno,
Que desabrocha o desconhecido,
Emissário cósmico,
Diana dos bosques atlânticos.
Te convido para dançar na floresta
Em acordes mouriscos e tambores de aurora.

Vem, que viver é perigoso.
Vem que as selvas argéntuas são nossa alcova,
Vem que os espelhos d'água vão legitimar nossa divindade,
Vem que meu desejo já produz novas estrelas e move os continentes.
Vem porque se vamos nos afogar,
Há de se afogar num só sonho.
Num só salto.
Num só precipício.

Nenhum comentário:

Postar um comentário