domingo, 25 de julho de 2010

Dinâmica Botânica

Pra começar, eu pensei em botar mais uma foto de uma imagem bonitinha com flores, mas só no meu blog já têm tantas, que não vou precisar colocar mais uma, e é justamente sobre essa abundância que eu quero falar.

Carlos Drummond de Andrade achou 122 sentidos diferentes para metaforizar usando uma flor.

Flor bela, linda flor, rosa vermelha, rosa branca, rosa cálida, rosa de hiroshima, flor de primavera, flor de cerejeira, a flor da morte, a flor da vida, a flor da castidade, a flor do sexo, a flor feminina, a flor masculina, a flor sagrada, a flor profana, o vento que bate nas flores contando as historias que sao de ninguem, seio em flor, rosa da literatura, flor colorida, flor desbotada, rosa preciosa, rosa exata, in bloom, o desabrochar da rosa, o despetalar de suas pétalas, o espinho contraditório, o caule clorofilado, as pétalas e sépalas, a corola, e o Corola cor-de-rosa da madame. A Power Ranger Cor-de-rosa, a Pantera Cor-de-rosa, Hello Kitty, a rosa de hiroshima, a flor do rio, a flor do mar, a flor da praia, a flor da terra, o cio da flor, a flor tropical, a flor glacial, a flor atrás da orelha num disco qualquer, e pra não dizer que não falei das flores, as flores da avenida, verde e rosa, a flor de Jamelão, a flor negra, a flor branca, a flor de estanho, a flor de metal, a flor de maracujá, a flor do cerrado, Florbela Espanca, Margarida, Girassol, a flor das flores, a mais linda flor...


Não foram estes sentidos que Drummond achou, estes são só os que eu achei.
Porque será que os escritores, os poetas principalmente, usam com tanta abundância a da imagem flor para traduzir, metamorfoseando-se nas ideias que faltam, ou que sobram, nas palavras dos poetas?

O homem quando se desdobra sobre o papel e a caneta, revela nesse momento, desabrochando o seu eu-flor, o eu-lirico e o eu-sou, e em uma homenagem metalinguística reflexiva e inconsciente, o poeta se retrata nesse seu próprio momento de transformação, dentro de uma dinâmica botânica, se tornando pétala, beleza, e luz, nas suas formas e cores mais variadas.

A imaginação e capacidade criativa dos poetas de se produzir coisas belas, está limitada pela altura que o caule da flor atinge, e está multiplicada pela quantidade de vezes que uma gota de orvalho numa pétala refrata a luz em suas moléculas.

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