quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Os Assums Do Mediterrâneo


Os Assums Do Mediterrâneo

Cansei desta guerra inútil,
Helena não vale tanto assim,
Pátroclo está morto,
E Heitor, de olhos verdes, o matou.

Os ventos do Oriente pararam de soprar,
Não há mais razão em se brotar flores de ametista,
Elas agora podem ser apenas flores funerárias,
Jogadas na pira de meus amigos e do meu amado.

Heitor, arrancastes um pedaço de mim,
Me devolvestes a realidade matando os meus sonhos.
As Muralhas de Tróia são realmente impenetráveis,
E eu permaneço na praia, cansado, fracassado,
Onde apenas os barcos e a dor me fazem companhia.

A lâmina fria e cega que rasga a traquéia,
O sangue que corre quente, chovendo metálico na areia,
Tirastes a única coisa que ainda tinha valor,
Oh nobre Heitor.

Por que não cravastes logo a lança no meu peito,
Para as farpas então trincarem de vez meu coração?
Sangue sem uso e desperdiçado,
Erguido de Têmis pela mão,
Não só o calcanhar não foi banhado,
Como esqueceram de proteger nas águas,
Meu fastigado e inconsequente coração.

Meu querido e amado Pátroclo,
Tua pira irá brilhar para sempre na história,
Enfeitada pelas lágrimas e pelos urros lancinantes de dor,
Competindo com as mais belas deusas,
Só pela beleza de morrer sem antes ter existido.

Tua falta me dói demais,
Meu leito está muito vazio,
Mais oco do que as palavras que tentam consolar.

Sabia que os assuns tambéem permeiam o Mediterrâneo?
E o assum preto canta mais alto do que nunca,
Em sua dor cega ele agoura minha alma,
Engaiolada neste litoral penoso.

Assum branco parece que não há,
Pássaro onírico que não volta das cinzas,
Mora nos campos verdes da esperança,
Incendiados pelas tochas da realidade,
E pelas incansáveis piras da derrota.

A ironia é que no templo de Apolo,
As vestais que eternizam sua chama.
Apolo, não fui eu que matei Jacinto, não se vingue de mim,
Foi o Vento do Leste, também.

Imcompreensão, inveja e desejo...
Mais violentos que a prórpia vida,
Viver é muito perigoso...
Sempre foi.

Um comentário:

  1. Olá Pedro Antônio! Estou navegando pelos blogs paraibanos e conhecendo uma Paraíba contada pelos seus moradores, que até então não conhecia e estou encantado por esse Estado!
    Gostei da poesia que publicou, cheguei até a procurar pelos significados de ‘assums e Aeternum’, porém minha busca não deu em nada!

    “Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)

    Gostaria de lhe convidar para que comentasse o meu “A Cruel Vingança De Seu Ignácio”. Ok?
    http://jefhcardoso.blogspot.com de blog em blog.

    ResponderExcluir