terça-feira, 17 de maio de 2011

Esquife dos Sonhos Aéreos


Esquife dos Sonhos Aéreos

Repicam os sinos na Catedral,
Onde os vitrais são testemunhas cristalinas do sol,
E as estátuas dos santos conversam na calada da noite.

Quem puxa a corda é um quase,
Convocando o bronze negro a tinir,
Dissipando o silêncio do campanário.

Seu coração bate mais que o sino,
Sincopado com a sua prisão,
Rejeita suas paredes de semi-carne,
Enquanto o espírito sonha amplidão.

É mais que assimétrico, mas não é pássaro,
Seu voo se finda no altar, escuridão,
E o canto é dueto de Gárgolas,
Enquanto a Carranca é solidão.

Se banha com o batismo dos outros,
E em missas não faz comunhão,
Preferia ter sido espartano,
Arremessado de um penhasco; vão.

Os pássaros são sua alegria,
E á tarde vêm lhe consolar,
Em seu ombro vão repousar.

Mas de súbito ele se lembra,
Das pedras e da feiúra que o cercam,
Esmaga-os contra o seu destino,
Esquifes de sonhos aéreos.

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