domingo, 13 de novembro de 2011

Soulless

Deveria o Poeta pagar direitos autorais para as suas Musas?
Mas, antes, que semântica carregam hoje essas palavras, poeta, e musa?

Quando eu escuto isoladamente, têm conotações tão bregas que me doem.
Sem pensar muito bem na profundidade, o significado que me vem automático, do Poeta, são aqueles velhos de bigode do século passado, se ajoelhando com os braços abertos, bem teatrais declamando uma poesia bem tosca e cafona para a sua Musa.

"Oh, minha amada, pérola negra dos teus olhos! Que me enfeitiçou como uma cigana que faz boquete enquanto canta ópera!"

(Se bem que essa tá sensacional)

A musa, você sé consegue pensar naquelas mulheres gordas, sentadas num canto, que conseguem ser mais ridículas e impotentes que os próprios poetas, por se deixarem impressionar tão facilmente, se embevecerem com coisas tao inúteis quanto uma poesia ruim. Soulless, os dois.

Poeta, no sentido mais puro e original, é aquele que vê tudo além da matéria. Filósofo, médium e coletor do infinito. Pega a alma, a essência das coisas com a mão. A essência da natureza, de suas águas, de seus rios os quais cada um tem um âmago diferente. De seus ares e de cada árvore, cada pássaro, cada flor.

Mentaliza, articula, arquiteta e transmuta num papel, numa sequência de ideias limitadas pela língua, pelo tempo e pelo espaço, coisas tão etéreas, atemporais e sem local quanto a essência de algo. Tenta escrever em verso, ou não, num papel, um tanto de alma.

Musa é a matéria-prima de alma, de vida, de essência, de força, de luz.
Ser Poeta é complicado. Ser Musa não.
Poeta para se ser, tem que se fazer.
Musa para se ser, basta ser.

Cada um tem seu benefício e seu fardo.
O Poeta rearticula a beleza.
A Musa é a beleza.

Mas nenhum dos dois se escolhe. Se nasce. Uns se aprofundam no ofício, outros não. Muitos tentam, e só. No fim, o que vale é sempre uma questão de alma.



Ps: Quanto a primeira pergunta, láaa em cima, deixo pra vocês me responderem nos comentários. O que acham? Rsrs.

2 comentários:

  1. Como sempre, não perdendo sua identidade ao utilizar palavras como 'tosca' e 'boquete'. Fácil não é entender sua literutura, assim como sua pessoa. Ao mesmo em que é irônico, consegue ser poeta, aquele que se aprofunda no ofício, mesmo que para poucos leitores. Em competência de poeta, lhe lanço a questão: de onde vem suas musas, a beleza das coisas? Em minha humilde experiência de poetisa, acredito que nem sempre é possível achá-las. A musa inspiradora não é algo que você escolhe quando vem ou vai embora, ela simplesmente vem, aí o poeta coloca no papel aquilo que por ele é pensado. Se para ser musa, basta ser, lhe pergunto de novo: onde está esta gorda ridícula e impotente que não mais encontro? Xica.

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  2. A gorda ridícula e impotente tá provavelmente na fila do Mc Donald´s. Rsrsrsrs.

    Se você procura a mais pura e sublime inspiração, tenta olhar primeiro dentro de você (Não to falando de endoscopia ou colonoscopia).

    Depois, olha fora.

    Ai você olha o caminho que tem entre você e as coisas. Um fio de vida invisível aos olhos comuns que te ligam a tudo.

    Dai já da pra fazer poemas belíssimos.

    Mas se você encontrar outra pessoa que tem fios assim, mas de alguma forma um pouco diferente do seus, por se conectar mais com uma coisa, ou menos com outra, por exemplo, a água, ai você achou sua Musa.

    E ela pode tá inclusive na fila do Mc Donald´s. E vai ta conectada loucamente com um big mac. HSUAHSUAHSUA

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