segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Dialética dos Metais



Me disseram:
"Seja mais pragmático. Ideais não botam comida no prato."
Certo você.

Por isso mesmo se trabalha,
Até porque o escambo do suor permite o frio barato do ar-condicionado.

Por isso eu quero comprar,
Pois Eu não estou à venda,
Minhas ideias não foram feitas para serem anuladas,
Dobradas pela força-ventania da vida,
Meu destino serve pra outra coisa.
Serve para se impor apesar de.

"A realidade se impõe como um martelo",
Ainda bem, não esperava outra coisa.
Pois sou feito do aço mais antigo,
Vim da terra, rasgando-a pelas eras,
Forjado na pressão e no calor,
Caminhando para o sol,
Separado de minhas impurezas originais.
Sou anvil-fortaleza.

Sou Bi-Gorna, esperando pela opressão do mundo.
O que faço é afiar outras lâminas que passam por mim,
Em brasa, pela dialética metálica,
Filtrando a pureza do ferro bruto, obscuro,
Para no fim brilharem na noite as fagulhas do que é certo,
E por um instante iluminar o mundo.

Um comentário:

  1. Lindooooo!!!!!! Um dos melhores!! Muito contundente e profundo! Adorei!

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